sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Dá...


Diário de Trabalho: Saulus Castro – 17/09/2012


Algumas coisas “vão vindo” e esvaziando todas as outras que imaginávamos verdades, corretas, correções. Dá pra esquecer... Tudo o que estava arrumado, as coerências, dá pra errar as letras. Dá pra errar o certo, se dá... Dá pra enlouquecer, ler, viver, dizer, saber, conceber, rever, lamber, morrer, ser, não ser, ir de ré e voltar correndo. Dá pra mexer as cadeiras tropeçar nos fios de saudade morrer mais uma vez estender os papéis nos varais de sons gravados e que atravessam as cadeiras mentais, rasgar papéis, beijá-los, marcá-los com o que sobrou do batom que foi comido pela borda boca, chupá-lo, chupar o dedo, o dedo do pé, buscar o indevido e encontrar o improvável, dá pra chamar por minha mãe e acenar com a mão escrita por caneta esferográfica, dá pra coçar e espantar as pulgas, dá pra dizer “não” e ler uns trechos que escreveram quando ainda nem era nascido. Dá pra usar binóculos e tropeçar [mais uma vez] nos fios de sobreboca, dá pra derrubar cadeiras, rasgar papéis pegar o filho nos braços e cantá-lo uma cantiga de ninar inconcebível e eterna, dá pra cantar qualquer canção e cortar cordões de umbigo dá pra passar um véu sobre o rosto e se fingir de morto. DÁ PRA MORRER mais uma vez e nascer ao apagar a luz com o som baixinho cantarolando uma língua incompreensível, dá pra não compreender e fantasiar o compreensível dá pra desdizer o não pensado dá pra colocar na cabeça idéias tolas e criar equipamentos de mergulho dá pra elastecer os fios de uma alma absorta inerte nos caminhos que não são mais dela dá pra doer e dá pra sorrir. Dá pra dar.
Dá pra soprar as penas; dá pena...
Dá pra falar à lua com a luneta. Luneta vem de lua?
Dá pra crescer. Tudo é possível.
Que desastre



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