domingo, 3 de fevereiro de 2013

Um dia de morte...ou será de vida...? 27/01/2013


Beira de estrada...

Os ouvidos despertam na madrugada, os olhos mal piscam já se abrem ao susto de ouvir o som de algo que nunca tirou o sono. A voz, a notícia, o choro, a passagem, o desespero. Uma palavra traz consigo mil sensações, mil questões, inúmeros silêncios. Tudo trava, o fio de angustia percorre cada membro do corpo e se prende no peito, de lá ele não arreda, gruda, e parece apertar. Os olhos demoram marejar, a mente processa a mensagem, tudo parece cair, sensação estranha, os pés escorregam do chão, flutuam. Mas os olhar ainda está seco, e fica seco, trava a voz e as palavras não saem. Só vêm lembranças, inúmeras, milhares de palavras, imagens e gestos se misturam na memória. Toda uma vida parece passar entre os olhos. O consciente não aceita, insiste em permanecer estável, imóvel. A morte entra, suga o último ruído, traz o ultimo suspiro. Ela não tem mais mãe, e o pai também acabou de ir... O consolo se perdeu no brotar dessa manhã, no nascer desse sol. O tempo acaba a maquina desliga, o copo se deita, os olhos marejam sem entender, e antes que respinguem no travesseiro a água seca, vira pó, e as memórias tornam a se misturar. É um alivio apertado. Os dedos inquietos tentam falar com o distante. Vem o copo de café até a borda, o hálito de cachaça constante, a barba espinhosa que rala o rosto ao pedir a bênção, as mãos ásperas, o sorriso banguelo escutado de longe. Acabou-se o abraço sujo de barro, secou o beijo babado. Os olhos jamais viram a semente que cresceu longe. Tocou o sino, enterrou-se a face, abriu-se um mundo.

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