segunda-feira, 7 de julho de 2014

Fuga


Aqui o vento disfarça a queimação da pele, o enrugar-se, finge frio e espalha por sobre o corpo como água que deixa maleável tudo o que é sentido, represado.

Daqui avisto o mundo e suas infâmias, suas lâminas cortantes, seu afago e solfejo como quem definha sem perceber a morte dos sentidos.

Aqui embebo-me de tempo e derivo como silêncio nessas pedras postas em nuvens, este aposto substrato. O descaso com o próprio outro, o eu.

De todas as idas e vindas essa foi a que mais pesou a volta, não queria retornar a essas paragens, derivar de lá era como goso em silêncio... Não pude sentir saudades desse mar em duas vias.

A solidão carrega o dom de procriar universos longínquos e repletos, embora solitários.



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